domingo, 31 de outubro de 2010

A Igreja e a descoberta do homem


O homem precisa encontrar consigo mesmo para poder ser o protagonista e não apenas um mero figurante em sua própria existência. Como a Igreja contribui para que haja esse encontro?



Jung já ensinava que para aquele que participa, verdadeiramente, da Igreja Católica, não é preciso procurar um especialista para conduzi-lo ao encontro com o Si – mesmo, porque própria Igreja irá cuidar para que esse encontro aconteça. Mas o que a Igreja pode oferecer a cada pessoa de modo que ela se torne psicologicamente integrada?


Em uma sociedade em que se está ficando fora de moda acreditar no que supera e transcende a razão humana, a resposta a essa questão proposta no final do parágrafo anterior, pode decepcionar a muitos. Sendo o encontro com o Si – mesmo um encontro com Deus, como nos ensina São Paulo “a nossa vida está escondida com Cristo em Deus”, o que a Igreja tem a oferecer para propiciar esse encontro são todos os sinais visíveis que ela recebeu do próprio Cristo Jesus, os Sacramentos.


Por exemplo, um problema muito atual é que as pessoas já não conseguem romper com muitos comportamentos infantis, a mudança da infância para a adolescência e, desta para a idade adulta em muitas ocasiões não se dá de maneira sadia. Com isso se tem crianças querendo se vestir e se comportar como adultos, adultos que em diversas situações, e não raramente, possuem um comportamento super infantil. A falta dos ritos de passagem contribuem significadamente para esse quadro.


Os Sacramentos do Batismo e do Crisma além de todo o valor espiritual, possui ou deveria possuir reflexos na vida do cristão. Aqueles que compreendem toda a dinâmica e a realidade desses Sacramentos possuem uma metanóia. Porque após esses ritos esperasse um comportamento diferente, uma verdadeira conversão.


Outro problema comum é o apego a pessoas e objetos. Muitos não conseguem viver sem a aprovação da mãe, por exemplo. Outros se apegam aos bens materiais ou prazeres sexuais, ou alguma outra forma do hedonismo. Os Sacramentos do Matrimônio e da Ordem ensinam como as pessoas devem se portar diante das pessoas e dos bens temporais, embora não seja apenas esses os efeitos desses Sacramentos, eles contribuem significadamente para que as pessoas vivam a castidade, a pobreza e a obediência, no sentido mais autêntico e positivo dessas virtudes.


O Sacramento da Unção dos Enfermos é um Sacramento da Cura, sobretudo espiritual e ele se constitui um sinal de contradição para aqueles, que hoje são muitos, que colocam a sua confiança e se dedicam apenas em adquirir bens materiais e prazeres e que não suportam a idéia da morte. Através desse Sacramento os cristãos são lembrados e incentivados a viverem bem o presente, pois não adianta se preocupar com o futuro, como nos ensina o Bom Mestre, “a cada dia basta a sua preocupação.”


Pelo Sacramento da Confissão cada pessoa tem a oportunidade de reconhecer que realmente ninguém é perfeito, pelo efeito do Pecado Original, o homem deseja fazer o bem, mas acaba fazendo o mal que não quer como exortava São Paulo, a partir de sua própria experiência. Em um mundo no qual se exige que o homem não erre, se reconhecer como um “errador”, não é nada fácil. Mas somente aquele que se conscientiza que não é capaz de realizar tudo sozinho e que precisa de uma ajuda do Alto se torna capaz de melhorar cada vez mais, se tornar mais humano.


E ainda há o grande Sacramento, Aquele, que como o Catecismo da Igreja Católicatem todos os outros Sacramentos submetidos a Ele, pois esse Sacramento é o próprio Deus, Jesus Eucarístico. Aqueles que realmente estão preparados para receber a Divina Eucaristia fazem dela um encontro com Deus e consigo mesmo. A Eucaristia é o ápice da vida cristã pois é com Ela, nEla e por Ela que o cristão obtêm a força necessária para se conformar a imagem de Cristo, no qual está encerrada a plenitude do homem. Tudo que pode se esperar de bom de uma pessoa está em Cristo, e quanto mais uma pessoa tomar a formar, ser a imagem e semelhança de Jesus, mais a pessoa se tornar um bom cidadão, bons pais e bons padres.


As pessoas não fazem idéia do tesouro que está encerrado na Igreja, esse tesouro é a vida plena de cada um, porque a Igreja é Cristo e é em Cristo que cada um se encontra. O homem precisa ter a coragem de acreditar que a melhor coisa que ele pode fazer por ele mesmo consiste em se abandonar nesse mistério que a sua razão não entende, mas a sua alma e seu coração sentem.


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